Paulínia agora é Cuba? Eleição sindical tem só UMA chapa e clima é de “Ditadura com Cafézinho”
Você pensava que eleições com um único candidato eram exclusividade de países como China, Cuba ou Coreia do Norte? Pois pense de novo. Aqui mesmo, em Paulínia, os servidores públicos estão prestes a viver sua própria versão da “urna de faz de conta”, onde a democracia comparece à eleição apenas para bater ponto simbólico.
Sim, senhoras e senhores: as eleições sindicais de 2025 do STSPMP terão uma única e solitária chapa concorrendo. A tal "Chapa 1 – Nossa Chapa", aquela que já está no poder há só 10 anos. E, se depender deles, mais 10 virão. Talvez mais 20. Talvez vitalício, com direito a retrato na parede e cadeira cativa.
Viva la Revolução... Permanente no Cargo!
É como se a atual diretoria dissesse, com um sorriso simpático e um estatuto na mão:
“Pode votar sim, trabalhador! Só não pode escolher outra opção.”
A diferença é que, na ditadura, a ausência de oposição é imposta. Aqui, ela parece ter sido naturalizada, como se ninguém mais tivesse coragem, estrutura ou disposição para concorrer. Estranhamente conveniente, não?
A democracia do "voto obrigatório para continuar tudo igual"
Segundo as próprias publicações do sindicato, o processo seguiu todos os trâmites legais:
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Comissão eleitoral formada? ✔️
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Prazo de inscrição divulgado? ✔️
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Período para impugnação? ✔️
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Diversidade de chapas? ❌
Não adianta caprichar no figurino democrático se o espetáculo já tem roteiro e elenco definido. A eleição virou apenas um carimbo burocrático para legitimar o que já está decidido nos bastidores.
E o servidor nisso tudo?
Fica o servidor, que paga mensalidade e confia na entidade, olhando para a urna como quem olha para uma lousa de escola sem giz: não há o que escrever, não há com quem debater, não há para onde correr. A única opção é confirmar. Ou anular. Ou nem ir.
A pergunta que ecoa nos corredores da Prefeitura e dos prédios públicos é:
como é que um sindicato com milhares de filiados não consegue gerar uma segunda chapa em dez anos?
Medo? Descrença? Acomodação? Falta de transparência?
Ou será que o estatuto virou uma muralha que só deixa passar quem já está dentro?
De sindicato a monarquia sindicalista
Com esse ritmo, não estranhem se em 2030 a eleição for feita por aclamação, com uma salva de palmas e um discurso emocionado:
"Em nome da estabilidade sindical, decidimos manter tudo como está. A democracia agradece, mas a gente não precisa mais dela, não é mesmo?"
E, claro, tudo com café, pão de queijo e aquele velho bordão sindical: “É pelos servidores!” — mesmo que os servidores nem tenham tido chance de dizer o que pensam.
Conclusão: o rei está nu… mas ninguém pode falar
A “Chapa Única” das eleições de 2025 do STSPMP é mais do que um processo. É um sintoma. Um alerta. Uma sirene que toca baixinho, mas constante, avisando: a democracia não morre de uma vez, ela adormece aos poucos — e às vezes até com apoio da base.
O que temos em Paulínia não é mais uma eleição. É um ritual de manutenção do poder travestido de participação. E se ninguém levantar a voz agora, o que será da próxima década?
Paulínia, 24 de setembro de 2025
Roger de Souza – Blogueiro, Gazeta de Paulínia
“Porque a democracia começa com mais de uma opção.”
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