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ELEIÇÃO DE CARTA MARCADA? Sindicato de Paulínia terá só uma chapa e levanta suspeitas sobre democracia sindical


Há algo inquietante na paisagem sindical de Paulínia nestas eleições de 2025: o fato de haver apenas uma chapa inscrita para disputar a diretoria do STSPMP. Mais do que mera formalidade estatutária, isso deveria levantar um alerta sobre saúde democrática, participação ativa e legitimidade representativa. E, diante das notícias recentes, me parece essencial questionar: estamos diante de democracia sindical plena ou de uma eleição de fachada?


O que dizem os fatos


Uma rápida recapitulação, com base nas matérias publicadas no site do sindicato:

  1. Assembleia para formar a Comissão Eleitoral convocada para 11 de setembro, para organizar quem vai fiscalizar o processo eleitoral.

  2. Abertura do prazo de inscrições para chapas, de 15 a 19 de setembro.

  3. Encerramento do prazo de inscrições, constatando-se que apenas uma chapa foi inscrita.

  4. A publicação da chapa — “Chapa 1 – Nossa Chapa”, composta por pessoas conhecidas na entidade — com prazo de impugnação.


O que isso levanta de problemas


1. Ausência de disputa enfraquece a democracia

Uma eleição com concorrência fortalece a representação: permite que diferentes ideias, visões de gestão, cobranças mais duras ou críticas sejam apresentadas. Quando há só uma chapa, resta aos filiados aceitar ou rejeitar — mas rejeitar o quê, se não há alternativa? A chapa única, mesmo que legítima, acaba significando escolha por omissão, não por comparação.

2. Riscos de complacência ou acomodação

Sem concorrentes, a chapa inscrita fica menos pressionada a explicar seu plano de trabalho aos associados, especificar propostas, metas, formas de prestação de contas. Se críticas e contrapontos estão ausentes do debate, fica mais fácil que decisões futuras sejam tomadas sem escrutínio, sem transparência real.

3. Desconfiança ou desinteresse?

Pode ser desejo de consenso, ou pode haver desinteresse ou barreiras reais para que outras chapas se organizem — falta de incentivo, medo de retaliação, falta de informação ou até de tempo hábil. Se for este o caso, cabe ao sindicato checar o que pode estar dificultando uma disputa mais ampla.

4. Legitimidade prejudicada perante a categoria

Mesmo com todos os requisitos estatutários cumpridos (divulgação, prazos, etc.), a chapa única pode ficar com sensação de mandato com menos respaldo popular: quantos filiados votam, quantos comparecem, quantos impugnam, quantos rejeitam — tudo isso serve para medir o nível real de compromisso da base. Sem esse engajamento, a autoridade da futura diretoria pode ficar fragilizada nas negociações com o poder público municipal e em sua representatividade perante os servidores.


O que precisa ser feito

  • Refletir sobre divulgação: Foi de fato suficiente? As publicações no site, redes, jornal foram lidas? Os servidores tomaram ciência de que poderiam montar chapas alternativas?

  • Avaliar obstáculos práticos: Se há entraves administrativos, burocráticos ou de acesso à informação para quem pensou em se candidatar.

  • Estimular participação efetiva: Promover encontros, debates, instâncias de escuta para que filiados sintam-se empoderados de apresentar alternativas.

  • Transparência nos resultados da eleição: Mesmo com chapa única, é importante revelar quantos votaram, quantos não foram, quantas impugnações, etc., para que se perceba o nível de adesão.


Uma chapa única pode ser legítima nos termos estatutários. Mas isso não basta para dizer que a eleição sindical cumpre o ideal democrático que se espera de uma entidade representativa dos servidores públicos de Paulínia. A democracia sindical exige disputa, participação, crítica — e, acima de tudo, sensação de que cada servidor tem voz para mudar ou escolher entre diferentes rumos.

Se, como constatado, haverá só “Nossa Chapa” — que não seja então um exercício de mera formalidade, mas um momento de autorreflexão para todos os envolvidos. Pois uma eleição sem alternativa é uma eleição incompleta.


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