Pauliprev em Reunião na Câmara de Vereadores
Mario Lacerda explica problemas encontrados na Pauliprev durante a antiga gestão e apresenta resultados aos vereadores.Atual presidente falou sobre os trabalhos feitos nos 90 dias em que está a frente do Instituto
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Novo presidente do Instituto apresenta documentos e investimentos aos vereadores
O atual presidente da Pauliprev, Mário Lacerda, participou na manhã desta segunda-feira, dia 21, de uma reunião na Câmara Municipal juntamente com os vereadores, população e servidores públicos municipais, onde apresentou dados referentes aos investimentos feitos nos 90 dias de sua gestão a frente do Instituto e também sobre os problemas encontrados nas contas do fundo previdenciário dos servidores públicos municipais estatutários.Entre as principais providências tomadas em sua administração estão: a regularização imediata do CRP, contratação de Estudo para Realocação e Diversificação da Carteira de Investimentos para conter perdas, contratação de Auditoria Administrativa e Financeira e solicitação de auditoria nas empresas NSG Capital, BR Food’s e Porcão.
O gestor apresentou o novo site do Instituto e afirmou que desde que assumiu a gestão da Pauliprev deu transparência a todos os atos, tanto que determinou que as reuniões do Conselho Deliberativo fossem abertas a todos os servidores ativos e inativos. “Desde que assumimos a presidência, fizemos uma reestruturação administrativa operacional e até física para poder melhor atender o servidor, e uma das dificuldades encontradas foi que o site antigo estava registrado no nome do ex-presidente, e que não quis nos passar informações. Muitos problemas foram encontrados, mas nosso objetivo é sanar todos e deixar o instituto totalmente de acordo com a lei”, declarou.
Mário fez uma explanação das contas e investimentos do instituto de previdência, mostrando em detalhes todas as movimentações e falhas que conseguiu observar durante os primeiros dias de sua gestão. “As perdas constatadas foram em função de não ter um corpo técnico para poder analisar as aplicações, então fizemos um levantamento, principalmente por conta da oscilação da taxa básica de juros e aplicações de títulos que geraram um prejuízo, ou seja, deixou de render 9% aproximadamente e dessa forma, chegamos a um número, o qual deixamos de ganhar de R$ 35 milhões”, explicou.
Lacerda também informou que ao assumir a presidência do instituto, constatou que o CRP (Certificado de Regularidade Previdenciária) estava vencido desde outubro de 2012 e que providenciou a regularização da documentação. “Esse certificado atesta que o instituto segue normas de boa gestão, de forma a assegurar o pagamento dos benefícios previdenciários aos seus segurados, sem ele não pode ocorrer a celebração de acordos, contratos, convênios ou ajustes, entre outras coisas”, explicou o gestor do instituto previdenciário.
O presidente da Pauliprev aproveitou ainda para relembrar a denúncia feita pela servidora Iria Onira da Silva, juntamente com o Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais de Paulínia, Ministério da Previdência Ministério Público Federal (3ª região), a qual consta que a Pauliprev fez um investimento suspeito de R$ 40 milhões de reais em fundos da NSG Capital.
Durante a apresentação foi mostrado que na nova gestão, a Pauliprev conseguiu resgatar quase R$ 8 milhões aplicados no Fundo Arcadia da NSG. O resgate foi solicitado após a convocação de Assembleia do Arcadia que tinha como objetivo a cisão dos ativos do Fundo. Na prática a cisão depois de efetivada iria dificultar qualquer tipo de resgate além de desenquadrar a aplicação, por isso o novo Conselho do instituto decidiu resgatar o dinheiro mesmo com a multa de 30%. “Ainda bem que fomos rápidos e conseguimos fazer este resgate, tenho convicção clara que o risco de perdermos todo o dinheiro ficou bem forte após a aprovação da cisão. Este fundo, Arcadia não possui liquidez e suas cotas pertencem a outros fundos controlados pela mesma gestora, o risco era enorme” afirmou Lacerda.
Para isso, Lacerda apresentou os balanços da BR Food’s Service, uma empresa do ramo de alimentação, onde a NSG investiu parte do dinheiro da Pauliprev, ainda à época de Esdras Pavan a frente do Instituto, onde foi constatado que nos anos de 2011 e 2012, o prejuízo dessa empresa foi de respectivamente R$ 10,390 milhões e R$ 9,981 milhões. “Como se investe dinheiro em uma empresa deficitária?”, questionou Lacerda quanto aos investimentos, mesmo diante de um balanço patrimonial negativo.
Interpelado por vereadores sobre uma auditoria a ser realizada no órgão, Mário afirmou que está fazendo o levantamento de empresas competentes e de renome para dar mais credibilidade ao fato. “Devido a denúncias anteriores, o MPS (Ministério da Previdência Social) já está realizando uma auditoria, mas também vamos fazer uma interna nossa, mas não vamos contratar qualquer empresa, pois esse tema é muito importante, a aposentadoria do servidor”, informou.
O resultado dos investimentos também foi apresentado. Em junho, o patrimônio líquido da Pauliprev era pouco mais de R$ 652 milhões, sendo que agora já ultrapassou os R$ 675 milhões.
Entenda o Caso
O problema da Pauliprev começou, após Pavan, enquanto era prefeito, ter nomeado em agosto de 2012, aliados políticos para compor a diretoria, entre eles o ex-secretário de Planejamento, Esdras Pavan, que já se utilizou de um fake (perfil falso no Facebook) para agredir rivais políticos e administrar R$ 580 milhões do Instituto.À época, a Procuradoria de Justiça da República aceitou denúncias contra as possíveis irregularidades na mudança da diretoria da Pauliprev e também de alguns dos investimentos do dinheiro dos servidores praticados pelo comando nomeado pelo ex-prefeito, pois havia a suspeita de que investimentos do dinheiro do Fundo de Previdência Municipal estariam com irregularidades e poderia prejudicar o futuro dos servidores públicos.
De acordo com o documento encaminhado pelo procurador Regional da República, José Augusto Simões Vagos, para o superintendente regional da Polícia Federal em São Paulo, Roberto Ciciliati Troncon Filho, a funcionária pública municipal e conselheira do Pauliprev Iria Onira Silva, no mês de abril, informou que, a empresa NSG Capital, encabeçada por Jair Marchesini, apresentou uma proposta à Administração, de investimentos dos recursos financeiros da Pauliprev, no valor de R$ 268 milhões.
A proposta foi encaminhada à diretoria do Instituto, que acionou a Plena Consultoria de Investimentos para analisar a transação e ver se a mesma se enquadrava dentro das Leis que regulamentam as ações do Instituto. Foi constatado então que a proposta não estava de acordo com a política de investimentos da Pauliprev, já que seria uma ação de alto risco.
A empresa então contratada pela Previdência de Paulínia entregou todo o estudo da ação à antiga presidente, a funcionária pública Maria Ermelinda Aparecida Vieira, que resolveu engavetar a proposta da NSG, já que os conselheiros não aceitariam a mesma. No entanto, Pavan resolveu fazer uma intervenção no Fundo de Previdência Municipal e trocou toda a diretoria da PauliPrev.
Ainda segundo informações levantadas por Iria, foi constatado que no esquema, haveria a participação do Food Service Group, que deu um golpe na Previdência do Rio de Janeiro, no valor de R$ 70 milhões, ano de 2010, e também de uma rede de churrascarias chamada Porcão, onde os diretores estiveram envolvidos em polêmicas, já que um deles seria sócio de Carlinhos Cachoeira em um avião no valor de R$ 4 milhões e o outro teria gasto mais de R$ 170 mil dólares em uma festa, em Miami.
Portas Fechadas
Na última sexta-feira, dia 18, a vereadora Angela Duarte (PRTB) convidou o ex-presidente do instituto Esdras Pavan para uma reunião juntamente com os demais vereadores na Câmara Municipal. No encontro, a parlamentar impediu a entrada de jornalistas, população e de um conselheiro da Pauliprev. A reunião com portas fechada durou quase duas horas.O encontro que estava programado para acontecer no “Plenarinho” da Câmara foi transferido pela própria vereadora, para o fim de evitar a presença da imprensa e da população, para uma sala reservada de reuniões no novo prédio anexo e contou com a presença de vários vereadores ou de seus assessores. A líder de bancada do PRTB alegou que a entrada das pessoas não seria permitida devido ao fato de Esdras não estar mais a frente do instituto e ter ido de “bom grado” esclarecer algumas questões, que também não foram divulgadas pela parlamentar.
Fonte: Alerta Paulínia
Foto: Divulgação/CMP
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